Projeto faraônico da prefeitura está na mira de pesquisadores
Vinte e um pesquisadores das universidades Uerj, UFRJ, UFF e PUC-Rio assinaram um manifesto criticando a solução adotada pela prefeitura para evitar a destruição da orla pelas ressacas com instalação de colchões de concreto de três a cinco metros abaixo da faixa de areia. Segundo os especialistas, as placas de concreto podem agravar os impactos da ressaca, causando mais danos à orla. O grupo pede que as obras de grandes dimensões, realizadas pelo município, entre os postos 3 e 8, sejam paralisadas.
“Só tomamos conhecimento das obras através de imagens recebidas
pelo WhatsApp. Tomei um susto, porque é uma obra atípica e impactante”, diz a professora do departamento de Geografia da UFRJ e signatária do abaixo-assinado, Flávia Lins, que ficou preocupada com o fato de pessoas que há décadas pesquisam erosões costeiras, defesa do litoral e vulnerabilidades advindas das mudanças climáticas na Barra da Tijuca não saberem nem da intenção de se fazer algo ali.
Segundo a professora, a Praia da Barra recupera bem seu estoque de areia após uma ressaca, e o concreto pode desequilibrar esse processo.
“O risco, ao substituir a areia por uma estrutura rígida, é que na próxima ressaca as ondas podem voltar com toda a sua energia para o mar e causar uma forte erosão na praia, tornando a faixa de areia mais estreita e íngreme do que é hoje. Nas próximas ondulações fortes, o mar pode encontrar o calçadão com mais facilidade e agravar os danos às construções da orla”, explica ela.
A solução adotada, entretanto, é apenas emergencial, de acordo com o consultor técnico-científico do projeto posto em prática pela prefeitura, o oceanógrafo David Zee, também professor da Uerj.
“A prefeitura pediu um projeto emergencial porque a praia já está com as feridas abertas, com quiosques e ciclovia caindo, e a situação corre o risco de piorar”, disse Zee.
O investimentos no projeto são de R$ 10,6 milhões e a prefeitura informa que a intervenção não traz prejuízos para a orla.
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