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Chute no mau humor

Paulo Vieira ensina a rir dos problemas no Teatro dos Grandes Atores. Ele já curou até síndrome do pânico fazendo piada


O diagnóstico de síndrome do pânico dado para a mãe do menino Paulo Vieira, então com 11 anos, foi um baque para a família do interior de Goiás. Se a grana já era curta, imagina a dificuldade de bancar remédios de R$ 300 para controlar a doença? Foi então que Paulo (que começou a estudar teatro aos 5 anos e, hoje, possui todos os prêmios de humor que se possa imaginar) passou pelo maior teste teatral de sua carreira. “A médica disse que eu podia controlar a ansiedade da minha distraindo-a. Quando ela falava que estava ansiosa, eu colocava um pano na cabeça e imitava a nossa vizinha. Representava vários personagens só para entretê-la. Aos poucos, ela foi saindo daquela condição”, lembra o ator, que recebeu a nossa equipe no camarim do Teatro dos Grandes Atores, onde está em cartaz com a peça “Juntei tudo para te contar”.


“É pequeno aqui”, comentamos sobre o lugar.


“Geralmente as pessoas acham que tem cachoeira, cascata de chocolate e piscina no camarim, não é mesmo? Mas é assim como você está vendo”, retrucou o humorista, arrancando as nossas primeiras gargalhadas bem antes de começar o show.


Mas vamos voltar para Palmas, no Tocantins, para saber do estado atual da mãe do humorista.


“Ela se curou”, disse ele.

“Não toma mais remédios?”.

“Não”.

“Então, você a curou da síndrome do pânico fazendo piada?”.

“Acreditamos muito em Deus e teve o fato de ela querer sair daquela condição também”, completa Paulo.


“Quando você escolhe rir de algum problema, já começou o processo de cura. A comédia é o choro destilado. Quando o problema passa, você sempre ri daquilo. Mas pode escolher também rir na mesma hora. Na verdade, pode escolher rir de tudo que acontece. Com humor, resolvo tudo na minha vida”, diz o ator de 25 anos.


No espetáculo, Paulo fala de pobreza, sofrimento e muito do que viveu. Mas coloca o mau humor para escanteio. Seu stand-up é de comédia e disso o cara entende. Em 2014 abocanhou o Prêmio Multishow de Humor, em 2015 conquistou o título de destaque do ano no Grande Prêmio Risadaria de Humor Brasileiro. Virou parceiro de Fábio Porchat no programa da Record e faz o maior sucesso com o quadro “Emergente como a gente”.


No fim do show ele avisa que não é o cara fofo que imaginam, que tem uma porção de defeitos, que é egoísta etc. Uma justificativa para disparar uma sequência de piadas de humor negro.


A plateia vai ao delírio. Àquela altura, já está envolvida pela história do humorista. “Fui muito pobre. É como se eu estivesse falando de tudo aquilo que passei”.


Paulo forjou muito do seu estilo ingênuo e, ao mesmo tempo, sarcástico nas piadas do grupo inglês de comediantes Monty Python, dos Dzi Croquettes e de Os Trapalhões.


“Meu plano de vida é trabalhar até quinta, ir curtir família e amigos e voltar só segunda de manhã. Preciso do rio, do cerrado, da cachoeira... Isso tudo me coloca no eixo e faz lembrar quem eu sou”, diz o ator, que gosta da roça, mas passa boa parte do tempo no Instagram, com seus cerca de 250 mil seguidores.


“Se a pessoa me segue, eu já a trato melhor”, brinca o humorista, que jura responder a todas as mensagens na rede social, onde recebe até pedidos de dinheiro. “Só não tenho maturidade para xingamentos e outros comentários maldosos. Estamos vivendo um momento de falta de amor, no qual as pessoas estão muito viscerais. E eu acabo perdendo a mão também”, admite.


Mas agora quem está em pânico é ele. Faltam cinco minutos para começar o show e Paulo diz que, se a peça fosse cancelada, seria o maior alívio. “Até hoje é esse parto antes de entrar em cena. Fico imaginando, será que vai ter felicidade lá?”.


Frio na barriga é para os fracos, mas o humor também cura isso...


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