Rondas pelas Lagoas da Barra visam a impedir a extinção dos jacarés, um dos predadores do topo da cadeia alimentar
Sete homens e um destino: fazer valer o significado da palavra Jacarepaguá, que quer dizer “enseada do lugar dos jacarés” – graças à junção dos termos îakaré (jacaré), paba (lugar) e kûá (enseada). Os répteis que habitam o lugar, entretanto, vêm sendo alvo constante de caçadores e correm o risco de desaparecer. Se depender da ação ocorrida recentemente no lugar, porém, não será preciso mudar o nome do lugar conhecido como Lagoa de Jacarepaguá (que engloba as lagoas situadas nos bairros de Jacarepaguá e da Barra da Tijuca). O superintendente da Barra da Tijuca, Sancler Mello, o biólogo Marcello Mello e cinco guardas do Grupamento de Defesa Ambiental (GDA) realizaram no começo do mês uma ronda pelas lagoas da região para inibir a caça aos jacarés que habitam o espaço.
Durante a ronda, nenhum caçador foi flagrado, mas, segundo Marcello Mello, a ideia é passar a fazer o patrulhamento constante no local. “O objetivo é fazer toda semana. A simples presença do policiamento nas lagoas, mostrando que o estado está presente, já inibe a caça. Não é apenas o jacaré que vem sendo caçado constantemente. As capivaras e outros animais também sofrem com este crime ambiental”, explica Mello.
“Temos que zelar pela nossa fauna. O jacaré faz parte de todo esse ecossistema e sua destruição seria o fim de tudo isso. Temos que preservar e saber conviver com os animais”, disse Sancler, que vem sofrendo ameaças por tentar estabelecer a ordem na região (leia aqui).
Biólogo que batiza jacarés-de-papo-amarelo da região com códigos e tem inúmeros trabalhos sobre os répteis, Ricardo Freitas alerta também que a maciça concentração de machos (Caiman latirostris) nas lagoas da Barra e Jacarepaguá também representa um risco para a espécie.
“Há um risco iminente da extinção destes animais. O excesso de calor produzido pela alta decomposição de matéria orgânica nas lagoas é uma das causas da predominância dos machos. O aterro desenfreado de áreas de reprodução dos bichos também prejudica as fêmeas, já em menor quantidade”, explica Freitas.
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