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As gafes e histórias do Homem-Bosque

Updated: Sep 4, 2019

Numa entrevista pelo MSN, há 11 anos, o editor da Folha, Luiz Neto, contou que já até recebeu cheque de mãe-de-santo

O editor Luiz Neto, em 2008, na edição de dez anos da Folha

Já imaginou ser acordado por um jornalista altas horas da noite com o cara perguntando o que Deus significa para você? Ele também nunca tinha pensado nisso antes de passar a mão no telefone, ligar para a atriz Maria Ceiça e soltar a pérola. E em receber um cheque preenchido por uma mãe-de-santo “incorporada”, você já pensou?


Há dez anos no comando da Folha do Bosque, o que não falta ao editor Luiz Neto é história para contar. Figura conhecida na região, o aceleradíssimo jornalista está sempre de lá pra cá às voltas com os mil e um assuntos de interesse da região, seja a bordo de sua bike, correndo pela rua (e contra o relógio) ou pilotando seu possante.


Num bate-papo descontraído com a repórter Fernanda Gualda, ele conta que há quem o veja como síndico da região, assume que é o rei da gafe, diz que o seu segredo para conseguir tempo para tudo sempre foi a desorganização e garante: “Meu nome agora é Planejamento”.


Fernanda Gualda:

Luiz Neto, o homem do Bosque! Tá com tempo prum bate-papo online?


Luiz Neto:

Para você, sempre tenho tempo, minha jovem aprendiz.


FG:

Então vambora...


FG:

Jornalismo é um trabalho que nunca pára. No seu caso, com a redação no centro nervoso do Bosque e morando aqui, mesmo de folga, o telefone pode tocar e você precisar sair correndo para fazer uma matéria. Às vezes isso atrapalha a vida pessoal?


LN:

Sempre! É igual a dentista e médico: tem que parar tudo e sair correndo para atender. Pai, tia, sobrinho, ninguém entende. “Não posso porque estou no fechamento!” é o nosso lema! Pode ser fim de semana, feriado, dia santo, aniversário de parente. Mas acabamos dando um jeitinho, uns beijinhos na namorada e fica tudo certo.


FG:

Tá, mas não vai me dizer que sua vida é só trabalho, né? Dá tempo para malhar, ir à praia, biritar, namorar?


LN:

Dá tempo para fazer tudo e mais alguma coisa! É só se desorga-nizar mais um pouco que você arruma tempo. O negócio é beber, levantar e trabalhar.


FG:

Tem gente que cai, você trabalha... É isso mesmo?


LN:

Fato! Ainda mais agora que descobri a importância da palavra planejamento. Tinha horror só de escutar esse nome. Nada é mais gostoso do que vida pessoal sem se programar. Mas trabalho sem planejamento se torna insuportável.


FG:

Mas você passou dez anos tocando o jornal sem planeja-mento algum?


LN:

Que nada, planejava muito: viagens, festas. E na hora de fechar o jornal, tome noites sem dormir. Chega uma hora que você tem que desacelerar.


FG:

A Folha agora vai para a Barra da Tijuca toda. Isso não vai descaracterizar o jornal?


LN:

Não! A Folha vai continuar do Bosque. Os assuntos daqui é que ganharão maior visibilidade. A idéia é, no máximo, ter um caderno “Pela Barra”, algo do tipo, dentro do jornal. Na Barra toda a distribuição não será feita como aqui, em que colocamos 100% dos jornais nos escani-nhos. Fora daqui deixaremos exemplares em pontos estraté-gicos. Nós agora fazemos a Barra toda, mas com o diferen-cial de 15 mil malas diretas no Bosque.


FG:

Você já me disse que os leitores ligam muito para contar tudo que acontece aí no Bosque. O pessoal vê você como um síndico geral da região?


LN:

Hahaha...Um pouco. Só que assuntos internos de condomínio fogem da nossa linha editorial. A Folha quer informar o que está acontecendo no quarteirão. Com a globalização, a esquina ganha enorme importância. Esta é a aposta da Folha. E não quanto o síndico gastou para reformar a quadra, a cota extra do condomínio.


FG:

Agora, fala a verdade: em dez anos você já deve ter dado algumas bolas fora. Conta aí.


LN:

Sou o rei da gafe! Em 2001, por exemplo, fui ao Teatro dos Grandes Atores entrevistar a atriz Maria Ceiça. O papo foi legal, mas achei que não rendeu muito e fiquei com aquilo na cabeça. Já era quase meia-noite quando tive a brilhante idéia de ligar para complementar a entrevista. Ela atendeu com a maior voz de sono e eu disparei a pérola: “O que Deus significa para você?”. Só me lembro dela dizendo: “Meu filho, pelo amor de Deus...”.


FG:

Socorro! Acaba de cair o mito de Rei do Bosque! Mas você já deve ter esbarrado com muitos sem-noção por aí. Qual a situação mais desconcertante que passou?


LN:

Uma das passagens mais inacreditáveis aconteceu há uns cinco anos. O jornal tinha uma cliente que anunciava: “Jogam-se cartas, búzios e runas”. No texto, ela fazia questão de frisar: “TRABALHO INCORPORA-DA”, assim mesmo, com letras enormes. Sempre pagou em dia, mas uma vez atrasou. Telefonei, marquei uma data e fui receber pessoalmente. Chegando lá, a assistente avisa: “Ela está atendendo, não pode recebê-lo agora”. Insisti algumas vezes, dizendo que havia marcado naquele horário. De repente, surge uma mulher com uma saia rodada enorme, toda de branco, um charutão na boca, aquela fumaceira: “Mizinfio, é da Folha do Bosque, é?”. Confirmei e ela, incorporada, preencheu o cheque e assinou. Ainda dei uma conferida pra ver se, na assina-tura, estava o nome dela ou do santo. Hahahahahaha. Nunca mas toquei no assunto, mas confesso que depois fiquei com um pouco medo de voltar lá.


FG:

Hahahahaha! E os entrevistados, você já passou por algum sufoco com alguém?


LN:

Sufoco? Literalmente! Claro que não vou dizer o nome, mas uma vez fui bater um papo com um cara conhecidíssimo num prédio da região e quase morri sufocado com o CC ele que tinha. Cheguei a ficar meio tonto!


FG:

Cruzes! Depois dessa até eu fiquei tonta! Melhor tomar um ar fresco e deixar para o site a íntegra desse papo. O que achas?


LN:

Hahahahaha! Tá pensando que vida de jornalista é fácil? Combinado, Fernandinha, acho ótimo. Beijão e que a força esteja com você.


FG:

Hahahaha, obrigado, beijão e sai-deira: o que vai fazer agora? São 3h da manhã e parece que o ritmo na redação está frenético...


LN:

Com certeza, não vou dormir. Tem muito trabalho por aqui, mas eu adoro. E, mesmo se não tivesse, só durmo quando o mundo acorda.


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