top of page

“A prefeitura transfere a sua culpa para os bares”

Com as novas medidas restritivas para o comércio, dono de restaurantes tem prejuízo de R$ 700 mil em apenas uma semana

João Diniz discursa no protesto na frente da prefeitura

Um dia após a prefeitura anunciar novas medidas restritivas no combate ao coronavírus, que ordenava o fechamento de bares e restaurantes da cidade às 17h, os comerciantes da Barra da Tijuca já estavam na rua protestando. Eles chegaram a fechar uma pista da Avenida Armando Lombardi. Na quarta, dia 10 de março, o protesto aconteceu em frente a sede da prefeitura. Na quinta, 11 de março foi publicado um novo decreto (válido até o dia 22 de março), que permite o funcionamento de bares, restaurantes e quiosques até 21h.


Para o empresário João Diniz, dono de dois restaurantes na Barra (o Bla Blá e o Ginkeria B), a última medida não muda absolutamente nada. “A prefeitura segue tentando mascarar a sua incompetência em cuidar da saúde pública. Ela quer criar um vilão e escolheu o segmento de gastronomia”, avalia João, que pilota ainda mais dois restaurantes na cidade e é responsável por 220 funcionários.


Confere a seguir um papo com ele...


Em quanto fica o seu prejuízo, em uma semana, fechando às 17h?

“Em torno de R$ 700 mil. Fechar às 17h ou 21h é praticamente a mesma coisa que não abrir. A Ginkeria e o Bla Blá da Barra só abrem às 18h. Os outros restaurantes ainda abro para o almoço. Mas o jantar representa 80% do faturamento de uma casa”.


Usando como exemplo a Olegário Maciel... Acha que os donos dos bares poderiam evitar a aglomeração na frente dos seus estabelecimentos?

“Se tiver aglomeração dentro dos estabelecimentos eles devem ser multados pela vigilância sanitária. Do lado de fora, a prefeitura tem que assumir o seu papel e fazer valer as leis que proíbem as pessoas de beber e se aglomerarem nas ruas. Ambulantes que abastecem essas pessoas também devem ser proibidos. Já existe uma lei que proíbe as pessoas de beberem na rua. Elas precisam ser multadas. Mas a prefeitura não quer fazer esse trabalho e quer tranferir essa responsabilidade para o dono do bar”.


Muitas pessoas argumentam que o transporte é uma necessidade, enquanto que o bar é diversão. O que pensa sobre isso?

“É uma visão ignorante que as pessoas têm do mercado econômico. Os bares e restaurantes são os maiores geradores de emprego da cidade. Quando essas pessoas são impedidas de trabalhar, a economia da cidade para. O turismo também fica prejudicado. Quando o turista sabe que os bares e restaurantes fecham 17h ou 21h, ele cancela imediatamente a viajem para o Rio de Janeiro”.


Acha a lei injusta com os donos de bares e restaurantes?

“Sim. O transporte público está lotado. E ali acontece justamente o que a prefeitura pede que não aconteça nos bares. Superlotação, falta de higienização e aglomeração. A prefeitura quer disfarçar a sua incompetência de cuidar da saúde das pessoas, tentando transferir para um setor sério, a culpa da proliferação da pandemia. Dentro dos meus estabelecimentos eu atendo todos os protocolos de segurança que a prefeitura exige. E quando entro no metrô, vejo justamente o contrário que a prefeitura exige. Além da aglomeração e pessoas sem máscara, não vejo ninguém fiscalizando e não vejo nenhum item de higienização, como álcool em gel, papeleira e saboneteira. Ou seja, são dois pesos e duas medidas”.


Acha que vai precisar demitir funcionários?

“Infelizmente, sim. Não temos nenhum tipo de incentivo do governo municipal, estadual ou federal para conseguirmos manter todos os empregados”.


bottom of page