Seja no BRT ou qualquer outro lugar, se você é assaltado, alguém tem sempre algo pior para contar
É como se a violência Barra fosse o liquidificador e os moradores, os ingredientes da vitamina. Se você é a banana e foi triturado, saiba que o abacate também foi ainda mais. Ou seja: quando uma pessoa é assaltada no bairro e vai reclamar com outra, ouve inevitavelmente um relato de um caso bem pior de violência.
No começo de junho, por volta de 15h, dentro do BRT, um menino assustado pedia o celular emprestado para ligar para os seus pais. Ele acabara de ser roubado dentro do ônibus e os bandidos tinham levado o seu aparelho. Um homem ofereceu o smartphone para o garoto fazer a ligação, no mo-mento em que o carro passava em frente ao Extra 24h, sentido Zona Sul. Enquanto o menino discava, o dono do celular levantou a camisa e mostrou a marca de um tiro na barriga.
“Tá vendo esta marca? Foi um tiro que levei numa tentativa de assalto exatamente aqui neste ponto. Só que eu reagi. Tomei a arma do bandido e dei dois tiros que pegaram nele. De lá para cá, o pessoal dos direitos humanos vem fazendo bastante pressão para a polícia me prender. A sorte é que um policial conseguiu colher testemunhas que presenciaram a cena e parece que, agora, conseguirei ter sossego”, relata.
A cena foi presenciada pelo editor da Folha, Luiz Neto, que na semana anterior teve a sua bicicleta roubada no shopping Mall Number One, em frente ao Downtown.
“Parei apenas para ir à inauguração de uma loja. Prendi a bike com o cadeado numa pilastra em frente à entrada do prédio. Quando voltei, não estava mais”, conta Neto. “Já estamos acostumados com isso. O assustador é o depoimento das pessoas. Todos me disseram que o mais difícil é um dia sem assaltos ou furtos no local. Alguns contaram que os pedestres não podem caminhar livremente ali, pois sempre são interceptados por um ladrão de moto”.
Em quatro meses,
944 roubos registrados
Segundo dados do Instituto de Segurança Pública, de janeiro a abril deste ano foram registra-dos 944 roubos de rua na região da Barra da Tijuca. São cerca de oito assaltos por dia no bairro. O número, entretanto, pode ser ainda maior, uma vez que a maioria das vítimas não registra queixa.
Os índices de violência são superiores aos dados do ano passado, quando, no mesmo período, foram registrados 851 roubos.
Uma moradora do Parque das Rosas conta que o filho foi assaltado cinco vezes no mesmo lugar. “Por volta de 17h30, começa uma enxurrada de assaltos, porque é a hora em que as crianças saem da escola”, observa.
Numa reportagem publicada recentemente no SBT, onde câmeras de um prédio no mesmo Parque das Rosas registraram um dos muitos assaltos a mão armada que acontece nas redon-dezas, moradores assustados afirmam que, atualmente, descem para caminhar sem qualquer pertence de valor. Sem carteira, celular ou relógio. Além disso, ninguém caminha mais até os bancos que ficam mais próximos.
Cinquenta motocicletas foram entregues no começo de junho para serem empregadas no patrulhamento preventivo da região metropolitana. Os novos veículos chegam para reforçar a tropa do Grupamento Especial Tático de moto patrulhamento do batalhão de choque da Polícia Militar. A ação faz parte do programa Segurança Presente, que passa a atender, a partir de agora, à Barra da Tijuca.
O Barra Presente vai contar com um investimento de cerca de R$ 12 milhões por ano.
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