Editores contam como e por que criaram A Folha do Bosque, em 1998
Da janela lateral do condomínio Barra Golden, numa tarde de 1998, a marqueteira Marta Corrêa vaticinou: “Tá vendo aquele terreno ali? Vão construir um shopping gigante. Ao lado dele, nascerá outro. Esses prédios aqui vão se multiplicar e essa região vai crescer muito. Um jornal distribuído nesse local tem tudo para ser um sucesso”.
Marta se referia ao terreno onde hoje se localizam o Downtown e o Città America. Olhando pela janela do prédio, entretanto, o que se via era um imenso deserto. O que deu na cabeça da marqueteria, na época com 30 anos?
“Vi tanto prédio subindo, tão rápido, que pensei: isso vai virar uma cidade na vertical. Imaginei como as pessoas entrariam e sairiam da Henrique Cordeiro. Temi pelo aumento da poluição do canal e o acúmulo de problemas. A comunidade precisava de uma voz”, explica ela.
A mensagem atingiu como uma flecha o coração do jornalista Luiz Neto, seu irmão, que acabara de largar o emprego na rádio FM O Dia. “Era a oportunidade de fazer o que eu sempre desejei, um jornal impresso”, lembra Neto.
O próximo passo foi espalhar pela região uma mensagem na qual se lia: “Vem aí A Folha do Bosque”.
Impresso na gráfica Tribuna da Imprensa, dois meses depois, em junho de 1998, nascia o jornal A Folha do Bosque.
O primeiro número do periódico, com a palavra “Chegou!”, num fundo todo preto (veja em foto abaixo) contava com uma tiragem de quatro mil exemplares. Oito páginas em preto e branco apresentavam como reportagem principal a construção das áreas de lazer da ABM (Associação do Bosque Marapendi).
“Estava arrumando o armário outro dia quando de repente me aparece um urubu saindo lá de dentro. Era o primeiro número da Folha com aquela capa toda preta”
A primeira reportagem no jornal A Folha do Bosque nasceu numa reunião com os fundadores da ABM, em 1998, no local onde hoje existe a quadra de grama sintética da associação. No concreto no qual seria construída a arquibancada, Marta apresentou a idéia ao um grupo e o jornalista Luiz Neto sacou imediatamente a pauta: um panorama com informações sobre o que seria construído nas três áreas cedidas pela Prefeitura para a associação.
Um dos fundadores da ABM, Afonso Chaves recorda a reunião a céu aberto.
“Na hora imaginamos que se tratava de mais um jornal em meio a tantos que já existiam por aqui. Para a nossa felicidade, todos os demais passaram e a Folha ficou. Vimos um bairro nascer e o jornal do Bosque é a própria história desse lugar”, comenta Chaves, que hoje ainda guarda em casa a primeira edição do informativo. “Estava arrumando o armário outro dia quando de repente me aparece um urubu saindo lá de dentro. Era o primeiro número da Folha com aquela capa toda preta”, recorda. “Como o jornal evoluiu”.
Dois anos após o lançamento da Folha, Marta foi viver o seu sonho de morar no exterior. Pela internet, nos EUA, viu a inauguração do Città com a participação da atriz Sophia Loren.
“Quando vi que teria Parque da Mônica e Hard Rock Cafe no mesmo local, pensei: está crescendo mais do que eu imaginava”, lembra. Ao retornar para o Brasil, oito anos depois, e notar as construções de novos condomínios e o término das obras que foram paralisadas, chegou a se assustar.
“O Canal de Marapendi está marrom, o trânsito é um absurdo, sem contar com outros problemas que fugiram ao controle. O papel do jornal agora é muito maior”, sentencia a marqueteira.
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